quarta-feira, 16 de abril de 2014


Eu fecho os olhos e conto mentalmente até três. Sussurro pra mim mesma que vai passar. Uma hora passa, sempre passa, tem que passar. O problema é que o tempo de duração cresce a cada vez que isso resolve acontecer. Aperto a minha mão contra o peito e tento fazer parar. É em vão. A dor é por dentro, o que torna tudo mais complicado. Não há remédio com 100% de eficácia pra casos assim. A emergência do hospital não me socorreria. Os bombeiros, os policiais, os médicos de plantão, os psicólogos e os analistas também não. Ninguém tem total poder sobre isso. Eu quero, tento, luto e persisto pra fazer com que a dor suma. Mas ela aumenta. Se alastra pelo resto do corpo, da mente, dos órgãos. A dor não possui amigos e, talvez, por isso, ela não perdoe ninguém. Eu cruzo os dedos e torço pra que a tortura acabe de uma vez por todas. Saudade, medo, incompreensão: por favor, vão embora. Por obséquio, não decorem o caminho de volta. Tirem o meu nome da lista que vocês criaram pra atormentar. Já chega, é demais pra mim. Tudo bem, talvez isso seja um teste da vida mostrando o quanto eu posso e consigo ser forte. Mas eu cansei de andar carregando o mundo nas costas sem ter como curvá-la. O cheiro de menina frágil que precisa de colo ainda marca a minha pele. A minha alma continua sendo levada como uma criança teimosa. Eu não tenho estrutura pra sofrer.

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