sexta-feira, 26 de outubro de 2012
“E havia mais ali. Muito mais do que os olhos podiam
ver. Não era sempre perfeito, muito menos amigável. Por vezes, eles se
pegavam imaginando onde isso iria parar, onde terminariam. Mas não
bastavam apenas os olhares ou toques. Eles preferiam um ao outro
eternamente a dor de não terem nada. Pois o nada era um sem o outro, o
nada era estar vazio, longe do calor que os corpos projetavam em
faíscas. Eram pequenas fagulhas que borbulhavam devagar, sonhos que
transbordavam com imensos olhos vermelhos e brincalhões. Era só. Era um.
Eram dois em um só corpo. Era uma alma gêmea que cruzara com sua
semelhante. Não havia luta ou briga, pesadelo ou desesperança. Haviam
dois corpos inocentes buscando o erro em aprendizado mútuo. Era o sonho…
Sonho que muito poucos sonham. Ou quase ninguém vive. Era um sonho…”
Às vezes tenho medo. Medo de te perder, mesmo sabendo que já não te
tenho. Tenho medo de te esquecer, a tua voz, o teu cheiro, a tua cara, o
teu toque. Assusta-me a possibilidade de uma dia fechar os olhos e não
me lembrar de ti ao acordar. Tenho medo do que pode acontecer nesse
momento. Tenho medo de não ser capaz de lutar. Tenho medo de sentir o
teu cheiro na rua, ou melhor de o sentir mais uma vez pois sei o quanto
me perturba. Tenho medo quando te vejo no sorriso de alguém, ou num
olhar. Tenho medo da tua memória e tenho medo de a perder.
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