Tira a maquiagem pra que eu possa ver, aquilo que você
se esforça pra esconder. Agora somos só nós dois, já podes parar de
fingir, mas cala essa boca e me diz com o olhar quem era você até me
encontrar? Se agora és diferente, o que eu fiz que te fez mudar? Eu
lembro dos lábios tremendo ao dizer “eu não vivo sem você”. Então diga
que não vai sair da minha vida, diga que não passa de mentira quando
dizem que o amor morreu, tira essa roupa pra que eu possa ver que não há
uma arma tentando se esconder o mal vive num lar perfeito e sem
infiltração. E tira o cabelo da cara e me diz, se por um segundo
quiseste me ver feliz ou se és o meu destino tentando me dar outra
lição. Eu lembro de cerrar os punhos pra dizer: “Eu não amo mais você!”.
E diga que não volta mais pra minha vida, e que a nossa estrada é
bipartida, esqueça o dia que me conheceu! Então diga que nem todo
dinheiro dessa vida não vai comprar de volta acolhida no peito de quem
já foi todo seu. A casa é minha, mas pode ficar, eu volto amanhã e não
quero mais te enxergar, faça as suas malas e nunca mais volte aqui! E eu
juro pela vida da mãe e do pai, ciente do peso da expressão “nunca
mais”, volte a oferecer teu corpo a quem preferir. Viver ao lado de quem
não tem nada pra dizer, confesse pra mim de uma vez! Mas diga que nunca
foi feliz nessa tua vida, teu texto, teu sorriso de mentira, pode
enganar a todos, não a mim! Então diga que essa mão que acena na
partida, por tantos idiotas pretendida, é a mesma que decreta o nosso
fim. Assisto ao teus passos como a um balé, quem vais usurpar agora que
ninguém te quer? A verdade demora mas chega sempre sem avisar. E o grito
contido no teu travesseiro, ecoa nos lares do mundo inteiro, não tira
esse rímel, pois hoje quero vê-lo borrar.
Fresno