segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Ah, se você pudesse sentir como é não conseguir dormir sem ouvir a tua voz cansada. Você devia estar aqui pra ver, aqui não para de chover desde que você voltou pra casa. Se meu lar for onde houver tua respiração, vou morar na tua voz, ao menos até o final dessa canção. No teu coração. Ah, será que você vai lembrar onde é que você vai guardar o rascunho dessa história? Ou vai fazer fogueira pra queimar e ver que não dá pra fechar a biblioteca da memória? Você já me conheceu o bastante pra saber se eu sou ou não bom o bastante pra você quando acordar e o meu nome sussurrar. Eu posso te ouvir e eu sinto como se nós não estivéssemos a sós. Você está aqui, eu sinto que eu posso estar em qualquer lugar. Eu sinto que eu sou o ar. Lucas Silveira
Foi insuportável. A coisa toda. Cada segundo pior que o anterior. Eu só ficava pensando em ligar para ele, tentando imaginar o que aconteceria, se alguém atenderia o celular. Nas últimas semanas, nós nos limitamos a passar o nosso tempo juntos relembrando o passado, mas isso não significava mais nada: o prazer de lembrar tinha sido tirado de mim, porque não havia mais ninguém com quem compartilhar as lembranças. Parecia que a perda do colembrador representava a perda da própria memória, como se as coisas que tínhamos feito juntos fossem menos reais e importantes do que eram algumas horas antes. A culpa é das estrelas
Eu a compararia a um sol negro, se pudéssemos conceber um astro negro que vertesse luz e felicidade. Mas ela lembra mais facilmente a lua, que sem dúvida a marcou com sua temível influência; não a lua branca dos idílios, semelhante a uma noiva fria, mas a lua sinistra e embriagante, suspensa ao fundo de uma noite tempestuosa e empurrada pelas nuvens que correm; não a lua mansa e discreta a visitar o sono dos homens puros, mas a lua arrancada do céu, vencida e revoltada, que as Feiticeiras tessálias obrigam duramente a dançar sobre a relva apavorada! (…) Há mulheres que inspiram o desejo de vencê-las e desfrutá-las; mas esta dá vontade de morrer lentamente sob seu olhar. Charles Baudelaire
Passei tanto tempo considerando uma necessidade saber de tudo. Desde então só mudei meu modo de lidar com as coisas. Não preciso mais entender nem explicar. Minhas forças se esgotaram à medida em que eu procurava soluções e encontrava mais problemas. Desisti, só isso. Sentir já é mais que suficiente e ultrapassa qualquer tipo de razão.
O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior. Albert Einsten
O tempo parece passar em pulos, vezes curtos, vezes longos, porém nunca contínuos. E isto é um dos fatos da vida que muito incomoda-me. Quando poderei manter o controle sobre meus atos se nem o passar dos segundos repete-se como aprendi? Ora segundos de uma hora, ora segundos de décadas, e por aí percorre o longo caminho da mutação infinda. Tempo, tempo, quanto tempo ainda se tem? Nada, muito, quero um tanto, para poder ao menos pensar se no fim, viro estrela ou pó.
Existe a solidão de ser socialmente abandonado, a de ser abandonado por nós mesmos e a solidão imposta pelo pensamento virtual, que é à qual me refiro e que o senso comum não percebe. Estamos próximos e infinitamente distantes de tudo. Essa solidão gera uma ansiedade vital que movimenta os fenômenos psíquicos para produzir diariamente uma imensa quantidade de pensamentos e imaginação para nos aproximarmos da realidade jamais alcançada. O Colecionador de Lágrimas
A vida de ninguém é um mar de rosas sempre. A gente tem altos e baixos, faz parte do dia a dia das pessoas. E tudo bem, sério, tudo bem. Mas não dá pra deixar a peteca cair ou se desesperar. Se dá para resolver o problema, vamos arregaçar as mangas, tentar dar o nosso melhor e resolver. Se não dá, paciência. Não dá pra perder o sono, ganhar rugas e marcas de expressão. Vida não é sinônimo de complicação. Clarissa Corrêa
Estou morrendo de vontade de ser eu, mas ser eu só tem me feito perder e perder. E eu quero ganhar. Só dessa vez. Chega. Mas eu quero me dar de bandeja pra você. Mas não. Depois eu demoro semanas pra me levantar porque fui intensa e vivi um dia. Não aguento mais nada disso. Por isso, dessa vez, eu não vou gostar de você. Tchau. Chega de fazer tudo errado. A minha vontade é te ligar, pra contar o quanto gosto de você. E te pedir em namoro. E me declarar. Falar palavras lindas, frases perfeitas, poéticas, sensíveis. Mas não! Eu sou uma mocinha. E mocinhas só se declaram depois de um mês de namoro. Ou depois que o garoto fala que gosta delas. Dessa vez vai ser assim. Chega. E se você não desistir mesmo com todo esse teatro que eu estou fazendo. Vai ser a prova de que eu precisava pra saber que você realmente vale a pena. Tati Bernardi.
— Nada de café?
— Não gosto de café.
— E tem algo de que a senhorita goste? — Ele pergunta, seus olhos doces e
maliciosos pairando sobre os meus. Eu olho incapaz de me expressar. Por
alguns instantes, que me pareceram horas, minha voz some em algum lugar
da minha garganta. O chão parecia mover-se sob as minhas pernas bambas.
Engoli em seco. Ele só te fez uma pergunta qualquer, sua burra, meu
subconsciente grita, tremendo as paredes do meu cérebro.
— Livros — eu respondo, firme, dura, mas por dentro, sussurro, para ele não ouvir: Você! Eu gosto de você. 50 Tons de Cinza.
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