Dormi mal, acordei meio sem fome. Isso pra mim é perigoso, pois eu vivo
com fome. Sabia que algo não estava bem, só não pensei que estivesse tão
triste. Fui tomar banho, sentei no chão, deixei a água quente cair nos
meus ombros, abracei as minhas pernas e chorei, chorei, chorei. As
lágrimas se misturaram com a água que caía. E eu não me misturava com
nada, tentava apenas separar as coisas na minha cabeça. Fui trabalhar
quieto, conversando comigo mesmo, vendo que de vez em quando a gente se
sente mesmo só. E por mais que a gente tente explicar algo pra uma
pessoa, ela só vai entender se quiser, se fizer um esforço.
Clarissa Corrêa