
Carrega essa dor comigo? Me dá teu ombro? Me dá um pouco das tuas
forças… Por favor, acho que não vou mais aguentar. Ei, menina. Dá aquele
sorriso pra mim? Só mais uma vez, eu te peço. Ele me faz tão bem. Faz
meu mundo colorir também. Ta tudo tão cinza sabe? Desde o dia que tu se
foi, não consigo mais encontrar aquela efêmera felicidade que um dia eu
parecia ter. Volta aqui e faz do minha vida clichê um clichê mais feliz.
A vida é tão sem graça sem tua presença. Aparece aqui na porta de casa,
se não quiser entrar tudo bem. Se vier pra me dar só um abraço e um
adeus, por mim tudo bem. Mas se quiser sentar na calçada e jogar umas
palavrinhas fora, eu aceito também. Eu sei que eu não te faço nem um
terço do bem que tu me fazes. Mas por favor, deixa eu te dizer o quanto
ainda preciso de ti. Sim, não me importo se isto seria exagero. Pois eu
sou desse tipo de gente que precisa de outra por perto. E mais certo,
você. Eu já errei tantas vezes, e tu sempre me perdoou. Eu já cometi
tantas faltas e tu sempre aceitou. Eu sei que erro demais, mas poxa… Eu
nunca fiz nada pra te machucar. Meus erros não são viscerais. São
aqueles bobos; uma data esquecida, um atraso de um encontro, umas
palavras cortadas. Mas eu te prometi que nunca iria te machucar, e creio
que até aqui não venho cometendo tal falta. Pois pra mim seria mais que
cruel, fazer contigo o que eu disse que iria te proteger de que te
fizessem. Lembra de quando tu entrou em minha vida? Lembra que teu
coração estava quase que inteiramente desmontado? O meu estava em mesma
ou quase forma que o teu. E talvez este infortúnio tenha sido o motivo
de nosso deleitar de corações. Mas acontece que aos poucos nos ajudamos a
construir um outro devagarinho. Lembra? Por favor, não vai assim. Eu
sinto sua falta todos os dias quando acordo e não posso tocar teus
cabelos. Eu sinto sua falta todos os dias quando levanto da cama e passo
a mão pelo colchão e não posso enxergar aquele sorriso matutino que tu
costumava semear quando acordavas. Eu sinto sua falta, como quem vive de
nados e perde os braços. Deita aqui teu rosto em meu colo, deixa eu
dizer-te umas palavras tolas. Eu te amo. Mas me perdoa, por favor, me
perdoa. Eu fui tão tolo em te deixar partir assim sem te segurar pelos
braços e puxar de volta pra mim. Mais uma vez te peço, carrega essa dor
comigo? Eu já carreguei outras tantas tuas. Quem sabe até as trouxe pra
mim. E se não carregares, apenas me dê a mão. Seria bem mais ter-te ao
meu lado enquanto levanto e escavo tais fardos. Só quero que fiques
aqui, comigo, como sempre deveria ser.