Não que a vida esteja assim, tão boa, mas um sorriso ajuda a melhorar. Falamansa
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Esquecer e perdoar. É isso que dizem por aí. É um bom
conselho, mas não muito prático. Quando alguém nos machuca, queremos
machucá-los de volta. Quando alguém erra conosco, queremos estar certos.
Sem perdão, antigos placares nunca empatam, velhas feridas nunca
fecham. E o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a sorte de
esquecer. Grey’s Anatomy
A felicidade não dura muito tempo. Talvez uma manhã, uma tarde, uma noite, dois dias. É mais intensidade do que duração. Se você não tira o riso do rosto, é plástica ou está fingindo. Esconde a melancolia e se esforça para disfarçar. Felicidade não é obsessão. Felicidade é se contentar com o que não deu certo também. É a impossibilidade da frustração, é o antônimo da culpa. Uma criança entende mais de felicidade porque não a entende. O adulto, ao desejar ser feliz, já perde metade da felicidade (e a saudade rouba a segunda metade). Felicidade é estar sensível, disponível, atento a qualquer distração; é uma predisposição a mudar de planos. É uma vida que não depende de um objetivo para ser plena. É combinar um cinema, declinar e ficar satisfeito por estar com a mulher no sofá. É desistir de uma festa e se orgulhar de um jantar caseiro. É marcar o alarme e dormir de conchinha mais vinte minutos. Felicidade é preguiça. Não tem a ver com trabalho. É se divertir, de forma inédita, com o que já realizou centenas de vezes. É se contentar com pouco, quase nada, é querer somente o que já se tem. É absolutamente sem motivo, sem planejamento. A felicidade é a falta do que fazer bem feita. Não é pensar naquilo que não conseguimos, é agradecer o que redescobrimos. É quando sua alma está com o Bluetooth ativo para outras almas e é capaz de receber amizades sem mediação. Eu até diria que a felicidade é uma liberdade a dois. Não se revela na emanação larga dos lábios e na sanfona dos dentes. Quando o riso é redondo, perfeito, completo é um riso falso, riso para enganar, riso de proteção, riso para afastar intimidade. O autêntico riso é imperfeito, infantil, retangular, carente, envergonhado. Pede o complemento de um abraço ou de um beijo. Aliás, a gente ri mais com olhos do que com a boca. Já a gente chora mais com a boca do que com os olhos. Quem é feliz tem um brilho macio nas pupilas. Há uma luminosidade no olhar que chama portas e janelas. Quem é triste não cansa de rir e procura piada em tudo. Não se pode ser feliz sempre, eis o que absorvi em meus quarenta anos. Fabrício Carpinejar
Faz sentido que se esteja a enviar para o espaço uma sonda para explorar Plutão enquanto aqui as pessoas morrem de fome? Estamos neuróticos. Não só existe desigualdade na distribuição da riqueza como também na satisfação das necessidades básicas. Não nos orientamos por um sentido de racionalidade mínima. A Terra está rodeada de milhares de satélites, podemos ter em casa cem canais de televisão, mas para que nos serve isto neste mundo onde tantos morrem? É uma neurose colectiva, as pessoas já não sabem o que é que lhes é essencial para a sua felicidade. José Saramago
A vida é só uma grande sucessão de adeus - logo que chegamos damos adeus à barriga de nossa mãe, depois damos adeus aos amigos do jardim da infância, depois pras pessoas que se vão, para as que não mais vivem, para as que morrem pra gente. A gente vai dando adeus, balançando nosso lencinho de partida, até que um dia nós é que vamos embora e o adeus fica no aceno de alguém que nos amou de verdade. Caio Augusto Leite
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