
Todo mundo quer ser feliz. Repito: todo mundo. E não adianta negar, você
também quer. Aliás, quem não quer? É o desejo de todos nós. Ser feliz é
o objetivo principal que nos faz encarar a vida, levantar da cama e
escutar reclamações, enfrentar obstáculos e querer superá-los. O irônico
é que quanto mais a gente busca ser feliz, mais adiamos a felicidade.
Deixe-me tentar ser mais clara: uma garota, por exemplo, diz que só vai
ser feliz quando completar 15 anos. Ela, portanto, cresce e diz que só
vai ser feliz quando passar no vestibular. E depois só quando casar. E
depois só quando tiver filhos. E o ciclo-da-felicidade nunca está
completo, porque sempre almejamos mais, mais e mais. Nossas metas mudam a
cada dia. Nossos sonhos se realizam e criamos outros. Nossos planos se
concretizam e planejamos coisas novas. Poderíamos estar sendo felizes
agora mesmo, porque não? Mas o ser humano é teimoso, marrento e
orgulhoso. Nós temos todos os melhores e fundamentais motivos pra sermos
felizes - saúde é o melhor deles - e deixamos, lamentavelmente, pra dar
valor a isso quando passamos por momentos ruins. Não é fácil admitir
felicidade. Uma das coisas mais difíceis que existe é dizer que está
feliz e, de fato, estar. O mundo é injusto e traiçoeiro, meu bem. Não te
contaram que não se deve sair gritando aos quatro cantos quando uma
coisa boa te acontece? Não te avisaram que tem muita gente, nesse
instante, esperando uma oportunidade pra puxar o seu tapete? Não te
disseram as duras palavras de que vivemos em uma sociedade onde a inveja
está por todo lugar? Pois digo-lhe isso agora. É vergonhoso ter que
admitir, mas essa é a nossa realidade. Realidade onde a felicidade
alheia é algo que incomoda - e muito - muita gente. Realidade onde a
amizade e a falsidade andam lado a lado. Portanto, meu bem, leve consigo
um conselho que lhe dou sem cobrar nada: quando estiver a beira de
explodir de tanta felicidade, não saia de casa.