sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
O amor mais contundente é o que não precisa ser visto para existir. E continuará sendo feito apesar de não ser reparado. O amor real é secreto. É conservar um pouco de amor platônico dentro do amor correspondido. É reservar as gavetas do armário mais acessíveis para as roupas dela, é deixar que sua mulher tome a última fatia da pizza que você mais gosta, é separar as roupas de noite para não acordá-la de manhã. E nunca falar que isso aconteceu. E não jogar na cara qualquer ação. E não se vangloriar das próprias delicadezas. Buscá-la no trabalho é o equivalente a oferecer um par de brilhantes. Esperá-la com comida pronta é o equivalente a acolhê-la com um buquê de rosas vermelhas. São demonstrações sutis, que não dá para contar para os outros, mas que contam muito na hora de acordar para enfrentar a vida. Fabrício Carpinejar
Dizem que tudo na vida tem dois lados. Um bom e outro
ruim. Depende nos olhos de quem está a pimenta. Mas se tem algo
realmente ambiguo para uma única alma é um troço chamado saudade. Com ou
sem primenta nos olhos. O dito popular é quem melhor traduz a dualidade
de uma saudade quando diz que esta é a maior prova de que o amor valeu a
pena. Então sentir a falta é bom. E ruim. Em todos os pontos de vista.
Vai entender… Saudade é amar um passado que nos machuca no presente. É
uma felicidade retardada. É deitar na rede e ficar lembrando das
ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos
desimportantes. Sente-se falta de detalhes, como uma toalha no chão,
dias chuvosos, da cor dos olhos. A saudade só não mata porque tem o
prazer da tortura. Saudade é o amor que não foi embora ainda, embora o
amado já o tenha feito. Ter saudade é imaginar onde deve estar agora, se
ainda gosta de vinho bordeaux, se chorou com a derrota do Grêmio no
campeonato nacional, se tem tratado aquela amigdalite. E quando a
saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.
Sentir saudade é ter a ausência sempre do seu lado. É mudar
radicalmente a rotina, comer mais salada e menos sorvete, frequentar
lugares esquisitos, ter dias mais compridos, ter tempo para os amigos,
para o vizinho e para a iguana do vizinho. A saudade é a inconfortável
expectativa de um reencontro. Às vezes a saudade é tão grande que nem é
mais um sentimento. A gente é saudade. É viver para encontrar o olhar da
pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes,
sorrir com os lábios tendo o coração sufocado. Porque mesmo a saudade
sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz
de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente. Por que a
saudade é o muro de Berlim desmoronado no chão, capaz de agregar
opostos, como a tristeza e a felicidade em uma coisa híbrida. Se você
tem saudade é sinal que teve na vida momentos de alegria com ela ou ele!
No fim das contas, a saudade que agora lhe maltrata nada mais é que uma
dívida sendo paga em longas 36 prestações pelo amor usufruído. Agora
aguenta. Gabito Nunes
Ele sempre foi o tipo certo mais errado do mundo, e eu gostava disso. Gostava mesmo. Ele sempre foi quem eu deveria manter distância. Mas também foi o que me puxava pra perto. Ele sempre foi chuva, tempestade e até temporal. Mas eu sempre fui furacão. Ele sempre me dá vontade de desistir, e eu desisto até. Vou embora, bato pé e me recuso. Mas é que eu sempre preciso voltar. E ele é difícil. É todo meu oposto, todo meu contrário. Nós não fomos feitos pra ficarmos juntos. Mas é que não servimos pra ficar separados. Ele é x e eu sou y. Na conta não tem solução, na prática muito menos.
Desculpa. Desculpa por não estar ao seu lado nos momentos em que a minha mão tinha que ter segurado a sua. Desculpa por não ter te dito o quanto você é importante. Desculpa por ter deixado passar umas reticências da minha vida. Desculpa por não estourar garrafas de espumante com as nossas conquistas diárias. Desculpa por não ter secado as tuas lágrimas. Desculpa pela minha falta de jeito. Desculpa o meu egoísmo, a minha imensidão, os meus avessos. Desculpa por eu não ter achado as palavras certas. Clarissa Corrêa
Não esqueci a tempestade, não esqueci de nada. Mas
tomei uns analgésicos e a dor, aos pouquinhos, vai passando. E mesmo que
você venha ameaçar meu dia com chuva, hoje vai fazer sol. E a previsão
do tempo de amanhã também é sol, um sol digno de praia. Mas amanhã é
amanhã, embora eu saiba que também vou sorrir, vou começar a sorrir logo
de hoje, porque a vontade pulsa em mim, anima tudo aqui dentro do meu
corpo e eleva minha alma. Eu vou sorrir porque quero. Porque nada do que
você faça hoje roubará o meu sorriso de mim. Tati Bernardi
Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. Ultimamente eu só tô querendo ver o “bom” que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. Tô feliz, to despreocupado, com a vida eu to de bem. Caio Fernando Abreu
Sempre ouvi dizer que devemos ter cuidado com o que desejamos. Posso acrescentar? Temos que ter cuidado com o que desejamos para nós e para os outros. Procuro manter meu coração livre de impurezas, minha cabeça livre de pensamentos ruins. Nem sempre consigo. Às vezes, ainda que por um segundo, a gente deseja o mal do outro. Às vezes, por dois segundos, a gente inveja o outro. Tudo bem, vamos nos desculpar, somos humanos, humanos têm disso. Mas acho muito ruim, feio e nojento desejar o mal do outro, vibrar com a derrota dele, querer que ele se estrepe. Não gosto, não faço. Acredito que tudo que a gente manda para o outro volta de alguma maneira para a gente. Então, em uma atitude egoísta, desejo o bem. Desejo o bem porque quero só coisas boas de volta da vida. Clarissa Corrêa
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