
Adoro te ver assim, fico todo orgulhoso de fazer você rir, foi pra isso
que eu vim. Terminando de enxaguar esses pratos a gente vai até o sofá
dar um jeito nessa dor, talvez eu tire algum som do James Taylor ou
escove seus cabelos ou faça uma massagem profissional nos seus pés,
vamos tirar esse joanete da sua alma. Se nada funcionar, a gente cata
uma navalha e faz uns cortes sequenciais no seu braço pra liberar
endorfina e trapacear a dor, como fez o dr. House naquele episódio,
lembra? Não foi contigo que eu vi? Claro que foi, você deve ter
embarcado no sono, como sempre. Como pode? É só te aconchegar de
conchinha, contar até dez e pronto: você dormiu. E eu fico me sentindo o
cara-todo-poderoso que está lá pra te proteger. Amanhã, de rosto novo, a
gente pinta uma carinha feliz e circense, e eu te levo de carro pra ver
o mar. Ninguém vai perceber seu riso postiço, o mundo inteiro vai estar
ocupado sorrindo com você. Confia em mim, às vezes quem está de fora
enxerga melhor. E daqui vejo seu sorriso, sei bem do que ele é capaz de
fazer.
Gabito Nunes