Não pretendo te contar sobre minhas lutas mentais. Você terá nas mãos
minha simplicidade e minha leveza, que podem não ser totalmente
verdadeiras, mas foram criadas com muito carinho pra não assustar
pessoas como você. Não vou ficar falando sobre a complexidade dos meus
pensamentos, minha dualidade ou minhas dúvidas sobre qualquer sentimento
do mundo. Vou te deixar com a melhor parte, porque eu sei que você merece.
Guardo pra mim as crises de identidade e a vontade de sumir. Não vou
dissertar sobre minhas fragilidades e minhas inseguranças. Talvez eu te
diga algumas vezes sobre minha tristeza, mas só pra ganhar um pouquinho mais de carinho.
Ofereço meu bom humor e minha paciência e você deve saber que esta não é
uma oferta muito comum. Se você tivesse chegado antes, eu não teria
notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado. Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber.
Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. Mas já que
você chegou no momento certo, vou te pedir que fique. Mesmo que o
futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito
pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se
nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso
te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão.
Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequena num mundo
gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você
nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o
tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo
sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração
eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha
segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre
mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda opção ninguém mais tem. Verônica Heiss
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