Aqui, escuta-me baixinho, enquanto as estrelas explodem no céu: eu
amo você, eu amo você. Enquanto as guerras fazem mortos e o ser humano
morre lentamente, engolindo a dor e fazendo dela vômito: eu amo você, eu
amo você. Nos livros de clarice, nos contos do caio, no drama de
bukowski, na fala de quem não tem o que comer, naquilo que é inverdade,
no arco-íris preto e branco: eu amo você, eu amo você. Com a solidão
sussurrando mentiras e o vazio exaurindo meus espaços; com a náusea
fazendo presença e a incompreensão batendo na porta: amo você, eu amo
você. Na paz que deixou de existir e na esperança carregada nos olhos
daquele que está ferido: eu amo você, eu amo você. Porque os dias estão
atribulados e o peso é grande demais para que eu aguente sozinho. Eu
tenho você e repito que é amor, que é consolo, que é abrigo, quase que
como um mantra para que eu jamais me esqueça da sua presença me
invadindo quando me queixo demais pois me sinto só. Porque os carros da
cidade buzinam insolência e eu só preciso me aninhar no teu abraço e
fazer dele minha casa. “Pode lar ser uma pessoa e não uma casa?" e pode
sim, teu corpo é minha moradia contra trovoadas e chuvas ácidas e teus
braços são montanhas na qual eu descanso, alívio. Porque eu te amo
demais até quando tropeço no meio da rua e até as pedras, meu bem, até
as pedras sabem o motivo dos meus sorrisos. Nos furacões
norte-americanos e nos tsunamis japoneses, nas ilhas inalcançadas e nos
desabrigos da alma: eu amo você, eu amo você, eu amo você.
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