Eu queria ser engraçada. Dizem que as pessoas se apaixonam por quem é
assim. Eu queria saber falar melhor das coisas que você provoca em mim,
desde os medos até as curiosidades. E queria, principalmente, me admitir
fraca sem a menor culpa, mas você não precisa saber disso. Eu queria
ser o melhor, para mim, para ti, para nós, mas acontece que eu sempre
escapo da estrada boa, tenho mania de precisar passar por muitos buracos
até entender que nem tudo precisa ser tão difícil e dolorido. Quando eu
escrevo, falo alto demais, e nessas de gritar pode ser que você se
ensurdeça ou enlouqueça quando não entender nada. Eu queria, também,
poder entender melhor, mas não entendo nada, por isso, não se esforce,
eu quase não valho a pena. Talvez eu valha a pena nos dias pares, porque
sempre gostei mais deles, mas nos dias ímpares nem a minha sombra vale.
Ou vice-versa, não sei se isso é uma regra, ainda não decidi. Eu queria
escutar mais música alternativa, essa que as pessoas dizem que é pura
cultura, ou ler os clássicos que todo mundo leu enquanto eu gastava
tempo com livros desconhecidos. Saber dançar melhor é outra coisa que eu
queria, esse tipo de gente também leva lá as suas vantagens. Ter um
gosto refinado para vinhos, ser boa em arquitetura , um sorriso menos
torto e menos cara de quem sempre perde. É, eu queria ter o ar dos
vencedores, quem sabe isso te prendesse mais em mim, demonstrasse
confiança, mas eu só sei tremer de medo em silêncio. E você dorme, não
vê tudo isso e mesmo assim me vê de um jeito que o espelho não me conta.
Eu queria ser metade do que você vê. Metade do que as revistas dizem
que devemos procurar em alguém. Metade do que os meus sonhos pedem. Eu
queria ser quem te falasse ao invés de te escrever. Mas o que sou, entre
linhas, entre erros e acertos, sorrisos tortos e gostos trocados, é
tudo teu.
Camila Costa
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