Não dá para se tirar conclusões, para ser feliz, para se inspirar, já foi tão enxugada que nem mais palavras bonitas se consegue tirar de lá, é só tristeza, é para isso que ela serve, para machucar e doer como se fosse a primeira vez.
Tudo parece velho e batido, como nas milhares de vezes em que os amigos fazem todo aquele discurso chato de “amor próprio” em que tudo o que você pensa é “To cagando para isso”. Prometo que esse é o último texto que escrevo pensando nisso, da mesma forma como prometi inúmeras vezes não voltar àquele inferno, e que nos segundos em que pensava em voltar, eu via que era um daqueles momentos em que o melhor a se fazer é sempre a pior opção. Nunca haveria paz para aqueles que já começaram no errado, se mantiveram no errado, e a única coisa de certo que fizeram foi se encontrarem sabendo que seria a última vez. As pessoas têm medo de despedidas, mas o meu grande medo sempre foi não ter uma. Dizem que a vida não nos dá mais do que podemos suportar, mas acho sim que a vida errou de destinatário dessa vez. Não suporto, não agüento, não quero ser forte e principalmente não quero passar disso. É o ponto em que deito de barriga pra cima, abro os braços e digo: “Eu desisto”. Porque eu desisto mesmo. Não quero dar a volta por cima, não quero enriquecer com livros de “eu consegui, você também pode”, não quero me sentir livre daqui há 5 ou 50 anos, porque não quero que isso passe.
Acho que essa é sempre a parte que as pessoas nunca conseguem entender: Eu não quero que isso passe. Não quero mesmo, de verdade, do fundo de tudo o que me tornei, isso faz parte, e não quero perder toda a amargura que sou. Não estou disposta a mandar tudo pro inferno, a não mais lembrar das partes boas e ruins sem conseguir distinguir qual era qual, não quero esquecer como se nunca tivesse existido, só tenho como meta, aprender a viver sem, e vou seguir com ela enquanto fizer sentido.
O fim não me faz mal, o que me faz mal é saber que esse fim traz consigo a obrigação de evidenciar o que já não se tem mais.
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