quinta-feira, 29 de setembro de 2011



Ela parecia ver anjos todas as noites. Pensava calmamente em momentos, em pessoas impossíveis de ter. Não passava de uma pequena sonhadora deitada na cama, agarrada ao cobertor, que derramava lágrimas enquanto a chuva caia sobre o outro lado da janela. Fingia que poderia esquecer de coisas que aconteceram a muito tempo atrás… e que lhe perseguem até hoje. Mas ela fingia que estava bem. Era só mais uma noite, nada que pudesse resistir.

Ela era tão fria. Tão fechada sobre seus próprios sentimentos. Ela era tão… fugitiva. Ela fugia por medo, por precaução. Ela fugia até dos seus próprios desejos. Ela fugia do seu mundo. Ela não queria ser vista por mais ninguém. — como se tivesse coisa para se ver  porque ela era tão invisível, transparente. 
Ela fingia beber coragem. Fingia esquecer passados. Fingia não querer tanto achar uma saída para qualquer outro lugar. Mas ela era tão boa nisso. Ela fingia sorrisos, fingia lágrimas, fingia emoções, mas seu pior erro era fingir sentimentos. Não havia ninguém ali. Não havia ninguém por perto, para abraçá-la, para esquentá-la, para ouvir os soluços do teu choro. Não havia ninguém para ver o travesseiro sendo molhado pelas lágrimas que escorriam do seu olho, ninguém para dizer que isso tudo iria passar.
E por mais que tentasse negar… doía muito

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