segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Clínica psiquiatra, 1998, desabafo de um louco inteiramente desligado da insanidade mental.
“Querido ouvinte doutor, não diga nada afinal estou aqui para ser escutado, um mínimo de educação por obséquio e não se esqueça das palavras que iram soar de minha voz, acredite tu também és como todo, não iluda-se em pensar que és melhor. Disseram-me que somente um louco reconhece o outro, ou então eu tenha inventado essa hipótese em minha mente. Hoje apontaram-me novamente e julgaram-me com adjetivos que caracterizavam mais a si mesmo, pude perceber teus lábios se formarem em sorrisos sarcásticos por zombarem de mim, mal sabem que estão se próprio flagelando, que são apenas malucos vazios que tende a querer ser absolutamente normais, como se a mesmice fosse inteiramente interessante ou contagiante. Não tenha medo doutor, posso sentir teu frio chegar a mim tocando minha pele a queimar, teus nervos estão se contraindo e os músculos fracos demais para que possa se levantar e correr em busca de socorro, a circulação de seu sangue chega a ser escassa pode-se observar em teus lábios esbranquiçados como de um cadáver opaco, a palidez lhe faz parecer mais um palhaço e confesso que isso pode me tirar algumas gargalhadas, mas somente escute como o combinado. Psicopatas. Esquizofrênicos. Loucos. Escondidos por trás de máscaras, foi um trabalho digno de aplausos afinal todos com o figurino adequado, creio que devem ter colado em teus rostos tais máscaras com alguma Super-Bonder barata e de grande utilidade, creio que são espertos, devo admitir que a fraqueza de vocês podem ser consideradas uma fortaleza incomum de mentiras, farsas, faça me rir não sabem nem quem realmente são. Fato verídico és que sinto certo orgulho de mim mesmo, não me julgue por isso ou se quiseres tampouco me importa, afinal com o tempo nos acostumamos a ignorar opiniões de verdadeiros ignorantes. São apenas crianças brincando de serem adultos, enquanto eu prefiro ser adulto e brincar de ser criança. Se ‘maluco’, ‘louco’, ‘anormal’ são codinomes a ser dados à realidade que vivo creio que todos precisam ser um pouco mais loucos, mas para não vos assustar arrisco em dizer na forma mais formal possível para o teu entendimento vago “serem quem realmente são”, creio que crianças merecem termos e palavras mais adequadas e diretas para que possam entender. Pena que são crianças mimadas e escutam o que realmente querem, na verdade não passam de verdadeiros surdos mundanos. Minha vontade és sair gritando aos quatro ventos o que lhe digo hoje doutor, na verdade nu se possível para que realmente tenham motivos para jogarem pedras, me julgarem ou até mesmo rirem de mim, criar um espetáculo afinal creio que vocês amam espetáculos, vivem em um circo teatral do qual nem figurante chego a ser, mas agora eu fecho as cortinas, ninguém mais vos aplaude. Acho que essa talvez seja uma ótima ideia, concordaste comigo? Claro que não, você é só mais um como eles. Sou louco doutor, estou em um ataque e você ainda não me sedou, talvez saiba que tudo que eu disse foram fatos verídicos, mas não precisa concordar com ambas as palavras que soaram de minha voz, tu és apenas uma criança e da próxima vez trago o livro da Chapeuzinho Vermelho ou Os Três porquinhos, qual preferes meu pequeno? Bem, a consulta já terminou, não precisa dizer nada, te vejo na próxima semana, afinal ainda sofro de insanidade mental, disseram-me que eu preciso do senhor, prefiro dizer que precisamos é de Deus, pois somente ele pra ainda acreditar em nós. Na próxima quarta? Creio que não vai me negar ajuda meu doutor. Aguardo ansioso, não precisa dizer nada já estou de saída, preciso banhar o mundo com minhas loucuras.”

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