quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Eu estipulo pra vida um amor completamente inexistente. Não sei, eu quero que tenha bom humor, que seja alguém engraçado, que tenha presença e total constância. Precisa saber se vestir, ter um sorriso bonito e ser uma pessoa consideravelmente alta. Alguém que saiba diferenciar coisas e que não coloque palavras na minha boca. Que saiba me interpretar e que seja totalmente aquilo que faltava. Precisa saber escrever e me surpreender todos os dias. Flores, bombons, seja lá o que for. Precisa ser uma pessoa educada e pra lá de única. Precisa ser necessário quando preciso, e desnecessário quando preciso. Precisa saber me satisfazer na cama e me amar acima de tudo. Não que eu queira essa pessoa exclusivamente só pra mim, mas que ela escolha ficar comigo ao sair para beber com os amigos. Não quero alguém exclusivamente meu, mas que seja meu a maior parte do tempo, sabe? Alguém que eu estipulei, e que na minha cabeça, não teria melhor. Alguém que eu, sei lá, criei. Vai que existe, né? Mas aí vem a vida e nos surpreende mais ainda, tentando encaixar uma pessoa que não tem nada a ver com o que eu pedi. Que não sabe porcaria nenhuma, muito menos amar. A vida vem com esses joguinhos indecentes de fazer a gente se apaixonar pela pessoa errada, e está aí a tal encomenda. Mas espera aí, vida, isso não foi o que eu pedi. Você leu o contrato direito? Isso está errado. Eu não pedi isso! Mas a gente se surpreende com a gente mesmo, e vê que é isso que a gente precisava. De uma pessoa oposta as nossas expectativas e totalmente contrária as nossas propostas. A gente fica louco e quer acabar já no começo. O que é que esse ser tem de bom? E a gente descobre que não tem nada, mas que a gente pode aperfeiçoar e o tonar o que a gente quer. A gente se surpreende com a vida. E o que a gente nunca imaginava fazer falta, um dia faz. Maldito pedido não feito! Viu, vida? Se você tivesse entregue a mercadoria certa, neste exato momento não estaria fazendo isso. E a gente se surpreende de novo, porque o que foi estipulado, não existe. Mas a gente quer. E o que a gente tem é só isso, esse amorzinho fajuta que faz a gente sofrer. Filtra de novo.

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