terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Não suporto mais filmes de romance ou que tenham qualquer indicio de casal lindo e perfeito e sem brigas e com muito sexo sempre. Juro, não suporto mais. Não me desce, eu engasgo, tenho asfixia e vou à óbito nos oito minutos iniciais. Fico pensando o que se passa na cabeça de pessoas que escrevem e produzem filmes assim: é o prazer de iludir mulheres no seu maior estado de carência ou apenas pela diversão em maltratar corações machucados na maior parte do mundo? Não sei, mas tenho certeza de que certos gêneros cinematográficos aumentam a porcentagem de ilusão no nosso sangue e dão ênfase no buraco vazio do nosso peito. O bady boy nunca vai mudar pela mocinha inocente na vida real, tampouco eles terão um felizes-para-sempre com fogos de artifício coloridos. Voltemos a realidade fria e cruel: você se decepcionará milhões de vezes e terá o seu coração partidos trocentas e outras por um cara que não te merece. Você, inevitavelmente, irá gostar de pessoas que não gostam de você. Noites de sono serão perdidas e, principalmente, muito tempo será perdido. Não adianta fugir, uma hora a vida te prende e te faz quebrar a cara. O fim do mundo vai bater inúmeras vezes na sua porta e em todas elas você irá atender. Não tem porção mágica que te faça voltar ao passado pra concertar as coisas ou que congele o tempo até você juntar os seus cacos perdidos pelo mundo. Na vida real, onde somos formados por carne e ossos, veias e artérias, tudo é demais, tudo nos consome demais, tudo dói demais. Nada pior do que estar frustrado romanticamente e ver casais felizes andando de mãos dadas e trocando carícias. O problema do cinema é que ele desperta a nossa esperança escondida de viver, nem que seja apenas por 90 minutos, uma história perfeita e feliz. No fim das contas, nós só queremos alguém que olhe sincero no fundos dos nossos olhos e deposite confiança ao dizer: “vamos fazer o nosso próprio filme”.

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