Às vezes acho que sou um drama. Puro drama barato de menina
emburrada. Drama de menina que sabe muito bem o que faz, mas continua só
para ganhar uns mimos. Mas às vezes me acho tão fria. Fria e direta,
sem manha nem choro. Vez ou outra, me acho radiante. Com brilho grande,
desses que iluminam meio caminho à frente. Por outras, me vejo com
tamanha escuridão. Me vejo numa grosseria que nem eu me aguento. Às
vezes sinto-me tão leve e, às vezes, tão pesada. Meus pés pesam, minha
cabeça ainda mais. Me sinto chumbo às vezes. Outras, me sinto orvalho.
Me sinto pena, folha perfumada de limoeiro. Há dias em que sou sol, dias
em que sou chuva. Dias que eu faria tudo por todos e dias em que eu não
daria um passo nem por mim mesma. Às vezes sou de uma doçura imensa. Às
vezes chego na amargura total. E é por isso que não sei afirmar nada
sobre mim. Dois mais dois é quatro, mas o que dizer de algo não exato?
Às vezes sou quatro, às vezes sou cinco? Não sei me explicar justamente
por isso. Não sei se sou claro ou escuro. Talvez eu seja neutro. Ou
talvez eu não seja nada. Sabe o zero que não sabe se é positivo ou
negativo? Então, sou ele.
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