“Quem nunca teve aquele que, quando percebeu, simplesmente já tivera voado pra longe de ti?” Eu tive. E ele hoje, estuda na mesma escola que eu, frequenta os mesmo locais, temos quase as mesmas amizades; mas por dentro, lá no fundo daquele troço que chamam de coração, estamos distantes como duas gaivotas que voaram em rumos totalmente diferentes. Somos hoje em dia, como água e óleo, que não se misturam nunca. Ou como o sol e a lua, aparentam próximos por se encontrarem no mesmo local, mas nunca se apresentam juntos; pelo menos - em nosso caso - não mais. Eu não o culpo, e não tenho sobre mim esse sobrepeso de culpa também. Acho que, que foi a vida sabe? Ela deixou acontecer como pôde, e talvez tenha nos permitido ir até um pouco mais longe. Apenas tardou; eu diria. Mas conhecem aquela história; “Tarda mais não falha”? Creio que foi isso. Presumo que não agora, mas daqui algunas anos, quando eu finalmente possa desinflamar meu peito, o tal anjo que fora outrora minha grande alegria, se torne por vez a minha melhor lembrança. Pois como sabem, já que creio todos ter um dia conhecido alguém importante o suficiente para chamar de anjo - seu anjo -, quem vem e vai mas que entre sua chegada e partida pôde te fazer imenso bem, é claro que permanece mesmo que seja em sua lembrança apenas.