segunda-feira, 19 de março de 2012


Encho-me de mim e logo fico cheia. Empanturrar-se de si é algo complicado, pelo menos pra mim. Ainda mais quando não se sabe bem mais o que se é. Me comi demais, me bebi demais. Suguei de mim tudo que podia, e após isso, queria poder sugar o que já não podia mais também. Queria mais eu, procurar lá no fundinho de mim eu de verdade. Não essa que ultimamente tens sido puro plágio. Pego o trejeito de um aqui, o modo de andar do outro ali, as mãos inquietas da moça da esquina ao lado e aqui estou eu; mil em uma. A caixinha na qual fui deixada na loja era pequena, mas cabia perfeitamente meu corpinho ali dentro. Agora mal entra meu pé. Não cresci demais, adcionei coisas demais em mim. Extravagantemente estou, veja só. Talvez não gostar do que se vê no espelho seja só problema dos olhos. Resolvi pensar assim a partir do momento que vi não ter mais jeito. Acordar as sete da manhã, comer dois pães com queijo e um copão de nescal não estavam me ajudando a ganhar nem duas gramas sequer. Almoçar bastante, lanchar bastante, jantar mais ainda… Tudo isso só me deixava pior, ver o tamanho esforço que estava fazendo e não ver resultado algum. Os carinhas reclamam, dizem que é bom pegar uma menina vistosa, que tenha onde apertar. Uma menina bonita de se ver. Algo que faça bem as vistas. Ora, nunca quis ser “pega”, muito menos apalpada. “Não seja hipócrita garota, vai dizer que não é bom uma mão boba de vez em quando?” Se é bom? É ótimo. Sentir os dedos percorrer por entre meus braços finos, minhas costelas aparentes sob a pele e minha pequena cintura. Calafrios percorrem meu magro corpo, as borboletas do estômago lutam para sair garganta afora. Paixão? Não. Só nervosismo mesmo. Como sinto agora, escrevendo de forma como se não fosse eu. Mas espera, eu já não sou mais eu. Citei isso no começo desse alvoroço de mins, de eus, de não-sei-quens. Quem vos escreve agora? Quem lê isto? Quem lê esta nisto? Pequena confusa, acalma mais tuas palavras do que teu coração. Porque ele não está aí, amostra para todos. Tuas palavras sim! Então as reorganiza. Pare de digitar incessantemente esse quebra-cabeças de 5 mil peças. Entenda, poucos são aqueles que poderão resolvê-lo, menos ainda os que realmente entenderão. 
— Luana Rabello

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